A GRAÇA DA FRAQUEZA

terça-feira, 21 de outubro de 2008

“... chegando à Macedônia, nenhum alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por dentro”.
Apóstolo Paulo, na II Carta aos Coríntios 7.5

“Nada a temer senão o correr da luta “Nada a fazer senão esquecer o medo”
Eu, Caçador de mim – Milton Nascimento

INTRODUÇÃO

O pior medo é o medo de admitir-se. Medo de se enxergar. O medo de olhar para dentro. Temor de ver-se... Perceber-se! A exemplo do apóstolo Paulo, poderíamos assumir que por dentro há temores – mesmo em meio a prevalente confiança; e por fora há lutas e conflitos – mesmo que caminhemos com o coração pacificado. Sempre há temores e pré-ocupações. Sempre há “o correr da luta”.

A liderança eclesiástica, no entanto, segue adoecida na mesma medida que nunca assume fraquezas das quais possa se gloriar – como fez Paulo. A religião não vê glória na fraqueza. Seus chefes só vêem desonra e exposição imprópria, eles temem perder a autoridade, sentem insegurança, protegem o testemunho teatral, e até se auto-enganam, na medida que pensam que seus irmãos “não têm maturidade” para ouvir uma sincera confissão de estado d´alma, e seguirem “firmes” na fé.

Esse pessoal que manda na ‘igreja’ vive chamando de ‘obra de Deus’ a obrigação de bem fingir que bem se está: “Pela obra!” Tais homens são tão santos que perderam a humanidade. Na ânsia de oferecer resistência ao mal que está ao derredor, entregaram-se à recusa em aceitar que há temores interiores, sim... e conflitos por administrar ao redor de si mesmos. Tenho pena de vê-los engessados, duros feito mármore.

1) Eu mesmo chego a pensar: Como Paulo podia ter temores internos depois da conversão dramática, dos arrebatamentos singulares, das revelações indizíveis, dos carismas impressionantes e quase mágicos (Atos 19.12)?
Medo e Batalhas. Mas Paulo não era medroso, como Gideão; e nem era homem de sangue, como Davi. Uma leitura corrente e distraída da alucinante epopéia da vida do Apóstolo - segundo narrada por Lucas em Atos - já deixa claro que Paulo podia ser tudo, menos medroso! Nem Indiana Jones em toda sua glória, peitou o mundo à semelhança dele, a ponto de ser afamado como sendo dentre “aqueles que têm transtornado o mundo”.

2) Como, então, era o medo e o conflito em Paulo?
Paulo era um homem em paz, no meio de uma guerra tremenda. Seus medos eram situacionais, não fóbicos nem imaginários. Tinha a ver tanto com os riscos reais e constantes contra sua integridade física (2 Cor. 11. 23-27), a ponto de, em certa ocasião, ele ter “se desesperado da própria vida” em função da “natureza da tribulação que lhe sobreveio na Ásia” e, “além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas... Se tiver que me gloriar, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza... Porque quando sou fraco, então, é que sou forte.” – segundo ele próprio.

Seus conflitos não eram aqueles de natureza rixosa, interesseira, amargurada, política ou facciosa. Ao contrário, Paulo carregava os conflitos que vinham a reboque da Pregação que agredia tanto as libertinagens pagãs como os legalismos dos seus irmãos da ‘sinagoga’ - o pessoal da religião que se especializou em ‘apurrinhamento paulino’ por onde quer que o Apóstolo fosse e seja lá o que ele falasse.

Ora, sejamos francos: Não tinha como Paulo não ter inimigos. Quem tem coragem de afirmar que não se deixava impressionar por ofícios clericais e apostolices (2 Cor. 11.5) - asseverando que “os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando a si próprios em apóstolos de Cristo”, sem de Cristo nada carregar, senão o currículo cristão feito sobre medida para lhes oferecer vantagem astuta sobre o povo – só pode estar metido em conflitos externos. Quem, ao perder a paciência com o pessoal que não gosta da Graça, chama de ‘malditos’ os caras que pregam um Evangelho que vá além daquele que o povo recebeu de Paulo; só pode atrair inveja e raiva sobre si. É ou não é? Quem, sem detença, não consulta carne ou sangue, nem se enfia em coberturas espirituais que não cobrem nada, pode viver sem inimigos? Impossível! Só vive sem oposição quem a nada se opõe!

3) Bom, mas ainda que os medos e as brigas de Paulo sejam tão mais ‘sadias’ que as nossas, aprendo muito em vê-lo debaixo da graça de se assumir sem grilo algum, de se aceitar, de se perceber tal qual se está, de não negar o poder da fraqueza, mas antes, entendê-lo como a oportunidade para a manifestação do poder de Deus.
Paulo me ensina que os vasos de barro que guardam os tesouros do Reino são sempre de barro. E enquanto de barro forem, tesouros lá estarão, “para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós!” Barro e Tesouro. Tribulação que atribula sem angústias desesperanças e definitivas. O bem fica. O mal passa. “Porque, de fato, Ele foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus.”

4) E como Paulo tratara essa questão que o acometera na Macedônia?
No texto em questão, o apóstolo revela a singeleza com que vivia a vida cristã para si mesmo. Isso porque Paulo sabia que Deus tem especial atenção por consolar os abatidos, segundo sua afirmação no versículo seis. Mas essa obviedade teológica ganha contornos altamente humanos, e quase ‘bobos’, para nós que carregamos ânsias espirituais com o mover de Deus, do tipo: se for de Deus, então vai acontecer assim e assim; um tremor, um fogo, e um manto vai descer, e um anjo vai aparecer, e uma luz vai brilhar, e mais um monte de ladainhas-do-desespero-de-quem-não-crê! Paulo é básico: Deus o consolou e ponto! Ele sentiu-se consolado e fortalecido.

E CONSOLOU COMO? COMO PAULO FOI CONSOLADO?

4.1. Com gente amiga: “consolou-nos com a chegada de Tito...!” (NVI) Paulo esqueceu a tristeza quando abraçou o amigo, aquele com quem compartilha alegrias e dores. Gente que se entende só de olhar um para o outro, em relacionamentos nos quais não há suspeitas, juízos, barganhas ou desconfianças.

4.2. Com boa notícia: “... e não apenas com a chegada dele, mas com a consolação que vocês lhe deram...” (NVI) Tudo ficou colorido quando o amigo contou os testemunhos da viagem!

4.3. Com a retribuição do amor fraterno: “Ele nos falou da saudade, da tristeza e da preocupação de vocês por mim, de modo que a minha alegria se tornou ainda maior” (NVI) Que irônico! A sensação de ser amado por aqueles a quem ele se dedicou com amor causou sentimentos quase infantis em Paulo a ponto de declarar estar alegre com a tristeza que os irmãos tiveram ao se lembrar dele. Ecos de uma alma solitária na Missão. Paulo precisava de gente, de boa notícia e da certeza de ser querido pelos seus. Não é isso que você precisa?

CONCLUSÃO

O medo de ser-sentir se enfrenta na santidade do cotidiano, em meio aos mais diversos ambientes da vida, discernindo o bem do Pai em cada detalhe do viver debaixo do sol: gente, saudade, boas novas, ódio gratuito, tristeza alegre, alegria preocupada, confirmação do amor, abraço apertado, beijo demorado, olhos marejados... ... Oração que se faz por alguém sem nem perceber que se ora de tanto que se gosta de quem se tem... como irmão amado!

Essa é a Graça de ser fraco!

A Força de ser Gente!

É bom ser gente em Cristo!

Na mesma Graça,

Marcelo Quintela

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VOCÊ GOSTARIA QUE POUCOS FOSSEM OS SALVOS?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Para alguém se tornar cristão entre os cristãos e segundo a prática dos cristãos — o individuo tem que levantar a mão, aceitar a Jesus, ser batizado, freqüentar um lugar chamado “igreja”, dar o dízimo como imposto de renda mensal, e aprender as doutrinas da igreja. Ah! Se for casado tem que ser fiel pelo menos na aparência, se for solteiro tem que ficar casto, pelo menos na aparência. E também não deve fumar, beber e dançar. Assim fazendo será sempre um salvo-orgulho-da-igreja.

Jesus, no entanto, não sabe de nada disso!

Lucas 13 nos dá conta de que alguém perguntou a Ele se poucos seriam os salvos?

A resposta de Jesus é dupla:

De um lado disse que para quem vive de fazer contabilidade de salvos, a salvação é muito difícil, e mandou que se esforçassem a fim de entrar pela Porta.

E mais:

Disse que aqueles que se arrogam à salvação por convívio, estavam perdidos, pois, não adianta dizer “comíamos e bebíamos em Tua presença e ensinavas em nossas ruas”, visto que para Deus somente uma coisa interessa: se a pessoa a Ele se deu em entrega total ou não.

“Nunca vos conheci”. “Apartai-vos de mim”.

Então Ele diz que o inferno desses que faziam contabilidade de salvos, era justamente ver que para quem a salvação é apenas para poucos, a visão final seria a de que ela é para muitos.

Por isto esse que deseja ser um dos poucos salvos, sofrerá choro e ranger de dentes ao ver que muitos vieram do Norte, do Sul, do Oriente, do Ocidente, e, entraram no banquete com Abraão, Isaque e Jacó, enquanto os filhos da herança histórica da informação da fé, de fora estarão, posto que somente quisessem controlar a salvação, ao invés de a ela entregarem-se, como o fazem o pagãos que apenas querem estar dentro, de preferência com todo mundo.

Quem quer uma pequena salvação fica fora da tão grande salvação!


Nele,


Caio
15 de outubro de 2008

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No Caminho todos são irmãos, e ninguém é juiz do outro. Assim, ajudam-se, mas não se esmagam uns aos outros, posto que no Caminho todos caem e levantam, todos se enfraquecem, mas não desanimam, todos são humanos, e, com humanidade são tratados, conforme o Dogma do Amor.

O propósito do "Caminho" como lugar de reuniões, não é viver para sua própria manutenção institucional, mas ser uma Estação de bom ânimo no Caminhar de Fé dos discípulos de Jesus, afim de que recebam Ministração da Palavra de Deus, e ganhem convicção inabalável de que o Amor de Deus permanece Incondicional, que o caminho de volta está aberto, que há perdão disponível

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